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Resenha: Isto É Spinal Tap - Rob Reiner (1984)

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    Equipe
  • 5 de fev. de 2019
  • 3 min de leitura

Em 1982 a banda de heavy metal Spinal Tap faz uma turnê de retorno aos Estados Unidos acompanhada de um fã que está fazendo um documentário sobre ela. (Fonte)

Isto é Spinal Tap não foi o primeiro pseudodocumentário (ou mocumentário, termo popularizado após o lançamento do filme) da história, mas traçou um norte que nenhum outro filme do gênero conseguiu.


Filmes como A Guerra dos Mundos e Holocausto Canibal eram tão convincentes que faziam o público acreditar que tratavam-se de histórias reais quando na verdade não passavam de pura encenação. O diferencial do Spinal Tap, além da popularização deste estilo, é a forma como ele ousou dentro desta mesma fórmula, trazendo elementos ao gênero como atuações mais naturais e descontraídas por conta da maior parte dos diálogos serem improvisados, o que cria situações ainda mais fidedignas.


Outro elemento bastante curioso é a fotografia do filme, que a princípio é bastante simples e beira o amadorismo, o que cai como uma luva. O diretor na maior parte das vezes sai andando com a câmera na mão atrás dos personagens, fazendo com que o clima do longa aproxime-se de um filme caseiro e passe mais naturalidade e credibilidade, o que, aliado aos diálogos, deixa o filme, além de crível, espontâneo e por isso bem fluído de assistir.

A maneira como o filme consegue ser irônico é para poucos. Nem mesmo os momentos caricatos e cômicos deixam transparecer que o filme é fictício. A película costuma ironizar variados pontos como o sotaque britânico, decadência, vida de excessos, mentiras da mídia, tentativas fracassadas de vender mais, tocar em países onde pessoas não entendem inglês e as letras hipersexualizadas cantadas pela banda . Tais temas mantêm o burlesco de um filme de comédia mas aliados a fidedignidade de forma magistral. Não obstante, pessoas costumavam acreditar que o documentário era real e a banda Spinal Tap realmente existia. Os atores que interpretaram os integrantes do grupo são músicos de verdade e reuniram-se para fazer a banda tornar-se real, realizando turnês e gravando material.


O filme é da primeira metade da década de 80, o que significa que fora lançado no melhor período possível. O gênero Rock and Roll passava pela fase Glam Metal onde as bandas tinham visual andrógino e abusavam de álcool e drogas, ostentavam carros chiques, mansões e mulheres bonitas enquanto cantavam letras escrachados de sexo e lascívia. Também era o período em que bandas de Rock progressivo já não estavam no auge, não faziam conexão com público e soavam pedantes e chatas. O longa escracha estas e outras inconsistências do mundo do rock e satiriza essas características mas sem parecer estereótipo ou com humor forçado, o que faz com que músicos famosos enxerguem a si mesmos nas situações que os protagonistas passam. Não raro músicos como Robert Plant, James Hetlfield e Dave Grohl relatam ter passado pelas mesmas situações dos personagens por mais caricatas que sejam.

This is Spinal Tap é um marco na história dos falsos documentários. A fórmula diferente dos outros filmes do mesmo nicho garantiram o devido sucesso e status. Deu tão certo esta mistura de elementos que é preciso dizer a alguns espectadores desavisados que o filme não passa de pura ficção e nada do que foi filmado de fato ocorreu. É certo que zombem dos rockstars de forma genial e sem vergonha alguma, mas o público-alvo que mais rirá com o filme será os amantes de rock, apesar de que o recomendado seja que todo o tipo de pessoa assista, fã de música ou não.


Escrito por André Germano

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