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"Não Se Preocupe, Querida" entrega terror psicológico convincente com visões femininas

Escrito por: Andressa Gonçalves


A estreia de Não se preocupe, querida já estava sendo comentada há um tempo, a comoção nas redes sociais sobre todas as polêmicas de bastidores, além de ter no elenco o queridinho da música do momento, Harry Styles.

Olivia Wilde, atriz consagrada fez sua estreia na direção com a aclamada comédia adolescente ‘Fora de Série’ (Booksmart) que se tornou uma das sensações de 2019 e deu início a uma carreira com muito potencial. Três anos depois, Wilde retorna no comando do muito esperado do thriller psicológico e distópico ‘Não Se Preocupe, Querida’, que fez sua estreia oficial no Festival de Veneza, que também foi crucial para explodir os boatos de conflitos no elenco.


Com roteiro de Katie Silberman e um elenco de peso como a protagonista Florence Pugh, a própria diretora Olivia Wilde, Chris Pine, Harry Styles, Gemma Chan, Nick Kroll e outros, a história nos leva pela pacata e cinematográfica cidade Vitória, na Califórnia, tudo parece se ambientar nos anos 50, tudo é perfeito nesta cidade que a estrutura é organizada por uma grande empresa de tecnologia.


Aos poucos, vamos conhecendo o dia a dia de Alice (Florence Pugh), uma típica mulher que é responsável por cuidar dos afazeres domésticos enquanto o marido, Jack (Harry Styles) sai para o trabalho e traz o sustento para casa – ou seja, uma narrativa que de forma lúdica e didática nos mostra essa vida perfeita. Entretanto, enquanto todos a seu redor parecem contentes com a vida que lhes é imposta, Alice começa a sofrer uma espécie de surto psicótico que a auxilia a desvendar um obscuro segredo por trás da cidade e do misterioso projeto em que Jack e todos os outros esposos trabalham.


Essa ambientação dos anos 50, ao mesmo tempo que nos proporciona um deleite visual de uma boa fotografia e direção com a luz dourada da Califórnia, trazem a sensação de angústia mas com uma nostalgia confortável pelas cores, vestidos, músicas, carros, objetos e casas. Porém, sempre é rompido com as cenas repetitivas que trazem a sensação de um mesmo dia acontecendo e aprisionamento. Aqui, a diretora mostrou criatividade em explorar um imaginário e o equilibra ao trazer elementos de suspense “do nada” no decorrer da trama. Ela coloca a personagem de Alice em constante questionamento interno, o espectador consegue acompanhar todo o sentimento da personagem com cenas lúdicas.

A atuação de Florence Pugh é que torna esse filme assustador, já conhecida no mundo do terror pelo papel em Midsommar, a atriz carrega a trama nas costas, expressiva e intensa, entregando-se de corpo e alma ao papel a consagrando como uma das maiores atrizes da atualidade. Ela é capaz de deixar o público totalmente desconfortável junto com a personagem. A cena dela com o plástico no rosto foi uma atuação digna de Oscar. E, seu par romântico, Styles não sabe levar com firmeza o papel que foi dado a ele, escondido atrás de outros holofotes, gostaria de ter visto muito mais dele. Já que parte das polêmicas envolvem ele e o filme também tem ganhado mais público devido a sua participação, ele é um dos queridinhos do momento no mundo da música.


Não se preocupe, querida, consegue te deixar tenso do início ao fim, não se engane com trailer nem com as críticas pesadas ao filme, apesar de não ser inovador e em muitos momentos, o próprio não se leva a sério, ainda é um filme que vale a pena. Ele vira do avesso quem assiste ao romper com a constância assustadora e a pegada de ficção científica.


O filme entrega muito mais do que parece, temos as intenções de falar sobre gaslighting e machismo que permeiam a trama principal, mas não há abertura o suficiente para que eles sejam explorados a fundo, deixando um gostinho agridoce quando os créditos sobem. O final deixa a desejar por não saber que caminho seguir e por se apressar numa conclusão sem pé nem cabeça mas que também é boa.

Em vários momentos, o longa perde em mostrar a essência do gênero, os choques mais conflitantes parecem desaparecer – e é nessa beleza desperdiçada que o público deve se fincar. De fato, é possível ver que Wilde não deseja reinventar a roda, mas se esforça para tornar este filme em um grande sucesso e também ainda está encontrando sua marca como diretora. Poderia ser melhor? Sim, entretanto, ainda é um bom filme para ver despretensiosamente no fim de semana. São duas horas que passam voando porque a trama é envolvente.


O que tem apagado o potencial desse filme são as polêmicas envolvendo os bastidores e a vida pessoal tanto da diretora como dos atores. Mais uma vez, é confortável para a indústria cinematográfica hollywoodiana lucrar com boatos de desavenças entre mulheres do que prestigiar um filme com direção e protagonismo feminino.


Veja aqui o trailer do filme:



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