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Crítica: Belle - Mamoru Hosoda (2021)

Suzu é uma estudante tímida do ensino médio que vive em uma vila rural. Por anos, ela foi apenas uma sombra de si mesma. Mas quando ela entra em "U", um enorme mundo virtual, ela foge para sua persona online como Belle, uma cantora linda e globalmente amada. Um dia, seu show é interrompido por uma criatura monstruosa perseguida por vigilantes. À medida que sua caçada aumenta, Suzu embarca em uma jornada épica e emocional para descobrir a identidade dessa misteriosa "fera" e descobrir seu verdadeiro eu em um mundo onde você pode ser qualquer um.

Existe algo que me atrai muito na animação. Algo que pode parecer óbvio, mas ainda sim é o que me encanta, a possibilidade de representar a imaginação. No cinema animado as amarras do mundo físico não se aplicam, o único limite é a capacidade criativa dos cineastas.


Vários dos meus filmes animados favoritos lidam exatamente com isso, Paprika, a Genius Loci, Akira, entre vários outros (vou parar por aqui pois poderia passar o dia todo citando filmes que eu amo), lidam diretamente com a infinidade da imaginação. De diversas formas e com diferentes objetivos esses filmes nos levam a um universo de tamanha abstração que quase consegue representar por completo os sentimentos e sensações presentes nas histórias. Muitas vezes conseguindo com muito mais facilidade equilibrar uma leveza e seriedade que muitos live actions tentam atingir.

Mamoru Hosoda é um cineasta que parece ter um talento natural para esse equilíbrio. Aqui admito que não tenho tanto contato com o trabalho do cineasta quanto gostaria, mas seu filme anterior Mirai, de 2018, desde que assisti frequentemente me pego pensando nele. O mundo mágico criado pela imaginação de uma criança que se vê não sendo mais o centro de atenções de sua família por causa da chegada de sua irmã mais nova é ao mesmo tempo divertido, bonito e tocante. Particularmente me identifico bastante pois também ter passado pela a experiência da chegada de um irmão mais novo.


Belle nos apresenta a história de Suzu, uma estudante de ensino médio de 17 anos que mora em uma aldeia rural com o pai. Por anos, ela foi apenas uma sombra de si mesma. Um dia, ela entra em “U”, um mundo virtual de 5 bilhões de membros na internet. Lá, ela não é mais Suzu, mas Belle, uma cantora mundialmente famosa. Ela logo se encontra com uma criatura misteriosa. Juntos, eles embarcam em uma jornada de aventuras, desafios e amor, em busca de tornarem-se quem realmente são.


“U”, o mundo virtual a la Second Life, é talvez uma das mais perfeitas representações da internet que já vi no cinema. Caótico, lotado de alter egos, rápido a ponto que o grande sucesso de ontem já é o grande fracasso de hoje, mas ainda sim com uma beleza e liberdade de criação imensa. Um mundo em que não importa o quanto você tente esconder vai sempre destacar o seu “verdadeiro eu”. Em sua jornada Suzu precisa descobrir uma força que a muito estava apagada nela, a autoconfiança para fazer sua voz ser ouvida tanto para expor seus talentos e criações quanto para ajudar a acender a chama desta mesma força nos outros que necessitam, como é o caso da besta.


O filme ainda conta com uma um espetáculo visual tendo de longe a melhor mistura de animação 2D e 3D que eu já vi em minha vida. Hosoda se preocupou em não deixar que nenhum dos mundos (real e virtual) seja mais importante que o outro, ambos apresentam lindos momentos, mesmo que os mais chamativos sejam os que se passam em “U”, cenários de tirar o fôlego e personagens com designs muito criativos. Por fim queria elogiar a trilha musical do filme. Cativante, divertida, gostosa e atinge com perfeição o objetivo de conduzir o filme todas as músicas são ótimas e mais de uma certamente vão ficar na sua cabeça depois de assistir o filme. U, a música de abertura já está marcando presença na minha playlist e eu simplesmente não consigo parar de escutá-la.

Belle é um filme incrível que merece todos os muitos elogios que vem recebendo. Com a temporada de premiações chegando perto é possível que veremos ainda mais do filme pela frente, eu estou animado, pois sem dúvida Belle é um dos meus filmes favoritos de 2021.


Escrito por joão Cardoso

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