É fato que a relevância do universo de Harry Potter hoje em dia está em cheque. Após as diversas polêmicas envolvendo a saga, como as que dizem respeito ao ator Johnny Depp, que foi completamente cortado do mais novo filme, e as constantes declarações transfóbicas da autora e criadora do mundo bruxo nas redes sociais, o "fenômeno mundial" parece estar se modificando aos poucos com esse cenário desfavorável. Cada vez menos se vê conteúdo e pessoas engajadas com a marca e cada vez mais se vê as produtoras, distribuidoras, atores e os envolvidos tentando se distanciar dessas polêmicas e até da criadora. Tudo isso em prol de continuar fazendo da marca Harry Potter um negócio lucrativo para todos os que trabalham com ela. Eis que essa nova empreitada chega aos cinemas. Sinopse: O professor Alvo Dumbledore sabe que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, ele pede ao magizoologista Newt Scamander para liderar uma intrépida equipe de bruxos, bruxas e um corajoso padeiro trouxa em uma missão perigosa, em que eles encontram velhos e novos animais fantásticos e entram em conflito com a crescente legião de seguidores de Grindelwald. Mas com tantas ameaças, quanto tempo poderá Dumbledore permanecer à margem do embate? Depois de um filme relativamente interessante e refrescante e uma sequência caóticamente insuportável, o terceiro lançamento da franquia Animais Fantásticos parece querer corrigir os erros dos dois filmes anteriores e efetivamente conserta outros que estão além da tela. Por exemplo, logo nos primeiros minutos do filme fica claro que a substituição do ator Johnny Depp por Mads Mikkelsen no papel do vilão foi completamente acertada. O bruxo maligno Grindewald ganha aqui uma maior profundidade física e mais intensa sensibilidade expressiva e emocional. Isso é um mérito do novato do elenco mas também do roteiro que finalmente decidiu aprofundar o relacionamento do personagem com Alvo Dumbledore. Já estava mais do que na hora de falar sobre o elefante branco sentado no fundo na sala. Diferente de Crimes de Grindewald, Segredos de Dumbledore opta pela simplicidade e pela não-complicação da sobreposição de tramas. Porém, diversas vezes essa bem vinda simplificação até acaba jogando contra o longa. Com pouca coisa acontecendo durante as quase duas horas e meia de duração, o filme acaba por ficar sem muito o que dizer. O que sobra de gordura é preenchido com as já esperadas cenas em Hogwarts e os temas musicais familiares de quem já acompanha a saga Harry Potter há quase 24 anos. O principal problema dessa nova história do universo bruxo, que é a relação, ou falta dela, entre o magizoologista Newt Scamander, a trama da guerra bruxa e o relacionamento entre Alvo Dumbledore e Gerardo Grindewald ainda não foi completamente resolvido. Neste novo filme até existe um maior esforço do roteiro de tentar conectar essas pontas soltas, mas ainda ficamos sem saber exatamente como este bruxo é o protagonista de uma história que claramente não é dele. No entanto o filme acaba tentando ser o mais interessante possível. Nos mostra novas paisagens, novos animais e aprofunda os relacionamentos que são tão necessários para o melhor funcionamento e engajamento na história. As diversas cenas de ação, de batalha e conflito entre os personagens são bem melhor encaixadas e cadenciadas. Temos até um tímido aceno ao público brasileiro. Por tudo isso, é de se esperar que este seja com certeza é um passo adiante na tentativa de tornar a franquia Harry Potter ainda relevante no mundo de hoje. Como filme de ação e de aventura baseado no mundo bruxo, Segredos de Dumbledore consegue ser um filme interessante o bastante e mais polido do que os seus dois antecessores. Porém é um daqueles casos clássicos das sagas do cinema. Tem sempre aquele que é efetivamente um bom filme, mas não necessariamente ele precisava existir ali no meio. Parece promissor o caminho que se abre com Animais Fantásticos e os Segredos de Dumbledore, só resta saber se o público até lá vai ter interesse, ou paciência para esperar seis anos ou mais para ver como essa história vai terminar. Escrito por: Gabriel Pinheiro
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