Oscar 2021: Crítica dos 5 Curtas de Ficção
- Equipe
- 22 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
Em 2021 tivemos escolhas de filmes de ficção em curta metragem para os Oscars que apresentam um olhar em comum. O olhar para os deixados à margem da sociedade seja pelo motivo que for. Os filmes escolhidos este ano tendem a buscar uma aproximação com essas pessoas e histórias que podem nos passar despercebidas, mas que de forma nenhuma devem.
Feeling Through - Doug Roland (2019)

Tereek, um jovem de 18 anos, está em busca de um lugar para passar a noite quando encontra um sorridente homem cego e surdo que pede ajuda para pegar um ônibus. Este é Feeling Through, um filme bonitinho e nada muito mais que isso. O filme existe quase todo no microcosmo entre os dois personagens e nas quebras das barreiras de comunicação entre os dois. O jovem deve descobrir como se comunicar com o homem que o pede ajuda. A construção da amizade entre os dois é natural e bem bonita, mas acabam aí as qualidades do filme, não há nada ruim, mas também nada exatamente bom. É um filme que se sustenta completamente na tentativa de gerar empatia no espectador, e faz isso bem, mas fora isso não tenta mais nada.
Curiosidade: o ator que faz Artie, o homem cego e surdo, Robert Tarango é de fato cego e surdo.
The Letter Room - Elvira Lind (2020)

Richard é trabalhador de uma prisão que é promovido para trabalhar analisando as cartas que chegam na prisão, ele se encanta com as cartas da namorada de um dos homens esperando pela pena de morte. Com um ótimo roteiro e (em grande parte) ótimas atuações, The Letter Room nos leva em uma bonita história sobre empatia e cuidado, sem ser piegas. Com fotografia bem charmosa e Oscar Isaac de bigode, o filme é um deleite para os olhos. Uma reviravolta surpreendente e um lindo final fecham um dos meus filmes favoritos indicados a um Oscar este ano.
White Eye - Tomer Shushan (2019)

Um homem encontra sua bicicleta roubada que agora pertence a outra pessoa. Se eu tivesse que descrever White Eye em uma única palavra com certeza seria tenso. Um plano sequência de 20 minutos de tirar o fôlego, uma situação aparentemente simples que vai escalonando de forma que no final temos que repensar tudo que nos foi mostrado até então. Um trabalho de câmera muito bom, com atuações igualmente boas. Provavelmente o meu filme favorito da categoria.
The Present - Farah Nabulsi (2020)

No dia do seu aniversário de casamento Yusef e sua filha Yasmin devem cruzar a fronteira da Palestina com Israel para comprar um presente para a esposa. The Present é um filme sobre a perda da inocência. A conturbada travessia que pai e filha devem fazer certamente deixará marcas na criança palestina que vê seu pai sofrendo grande preconceito das autoridades. O filme é bem interessante, mas um pouco cansativo, repetitivo e arrastado, não há necessidade para durar tanto quanto dura. Os diálogos são em diversos momentos expositivos e estranhos, isso juntando com as atuações serem, em grande maioria ruins, faz de um filme truncado. Mesmo assim, a relação entre pai e filha é muito bonita e leva o filme para frente, você torce por eles, fica muito claro quanto os personagens se amam. No fim fico muito triste que o filme palestino pode perder para o filme israelense nesse Oscar.
Two Distant Strangers - Martin Desmond Roe, Travon Free

Um homem negro tenta voltar para sua casa e entra em um loop temporal em que todos as manhãs é assassinado por um policial branco. Utilizando da estrutura do loop temporal, Two Distant Strangers discute a perpetuação da violência policial com a população negra nos Estados Unidos. Preso neste loop vemos que independente do que Carter faça, como se vista ele ainda será vítima da violência policial. Alguns diálogos expositivos aqui e ali, mas mesmo assim muito bem atuado, principalmente Joey Bada$$, rapper que faz o papel principal. Um fortíssimo candidato, e merecedor, para levar a estatueta.
Escrito por João Cardoso
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