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Crítica: Os 7 de Chicago - Aaron Sorkin (2020)

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    Equipe
  • 5 de abr. de 2021
  • 3 min de leitura

Durante a convenção nacional do Partido Democrata dos Estados Unidos em 1968, um protesto pelo fim da Guerra do Vietnã que deveria ser pacífico se transforma em um violento embate entre manifestantes e policiais. No ano seguinte, 7 homens são acusados de conspiração contra o país. Indicado a 5 categorias do Oscar, incluindo de melhor filme, roteiro e ator coadjuvante para Sacha Baron Cohen.

O filme segue uma estrutura bem simples, uma cena longa de julgamento, seguida por algumas cenas tanto dos protestos em Chicago, quanto do presente fora do julgamento e de um show de stand up que Abbie, personagem de Sacha Baron Cohen, faz comentando os acontecimentos enquanto usa uma camiseta estampada de bandeira dos Estados Unidos (desculpa eu acho impossível levar a sério uma pessoa que usa uma camisa com a bandeira dos Estados Unidos e digo por experiência própria que ao vivo é mais ridículo ainda), seguida por outra longa cena de julgamento e assim por diante.


Essa estrutura é possivelmente o maior ponto forte de Os 7 de Chicago, pois dessa forma as mudanças de tom nas cenas de julgamento (que são o principal do filme) que o roteiro busca são muito mais palatáveis. Desde ser genuinamente engraçado e divertido a ser extremamente tenso, mas no fim quer se mostrar afrontoso e faz uma série de “mitadas” que estragam e muito a experiência com o filme.

Há um grande problema em transformar os embates entre manifestantes e policiais em coisas quase que épicas, uma música eloquente, muitos slow motions, sangue jorrando, tudo isso enquanto vemos manifestantes sendo brutalmente espancados por policiais. O filme claramente se coloca a favor dos manifestantes e de forma nenhuma está usando essas cenas para glorificar a ação policial. E é exatamente pelo filme tomar o lado dos manifestantes que essa estilização da violência policial fica tão estranha.


Outro grande problema que existe no filme são as “mitadas” constantes que os julgados fazem. Por “mitadas” eu quero dizer aquele momento quando dias depois de você ter uma discussão pensa na resposta perfeita que poderia ter dado naquele momento específico da conversa, é isso, agora pense em personagens que só falam assim o tempo todo. Entendo que por serem somente duas horas de filme e que quatro dos julgados devem ganhar o gosto do público pelo intelecto esse é um artifício bom, mas no final do filme já era tão cansativo e batido que a força dessas respostas já era negativa para o filme.


O último grande problema que Os 7 de Chicago apresenta é a forma pouca que apresenta os movimentos sociais. O filme não busca entender o que são os movimentos que pediam o fim da Guerra do Vietnã ou o que eles defendem, mesmo que as suas diferenças sejam de extrema importância para a trama. O movimento estudantil, o movimento hippie e os Panteras Negras têm pouquíssimo ou nenhum tempo de tela para dar suas ideias e lutas e parece que são muito mais usados como manobra para tocar o público do que qualquer outra coisa. A reação que a sociedade têm com esses movimentos parece ser colocada de maneira correta, no entanto os próprios grupos não têm espaço para deixar sua voz ser ouvida ao longo do filme.

Por fim, Os 7 de Chicago é um filme que poderia ser mais e muito disso, sinto que vem da direção de Aaron Sorkin. Se dissecarmos o filme por partes vemos uma boa fotografia, ótimos figurinos, belas atuações, um roteiro bem estruturado e envolvente, mas não é assim que devemos olhar para filmes. Compartimentar um filme em pequenas partes nunca foi e nunca será uma boa forma de analisarmos, devemos sim olhá-los como um todo. E é exatamente aí que o filme peca, a liga entre diversos elementos bons não os segura, fazendo de Os 7 de Chicago um filme fraco, que poderia ser muito melhor do que é.


Escrito por João Cardoso


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