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Crítica: Minari - Lee Isaac Chung (2020)

Atualizado: 16 de mar. de 2021

Dirigido e roteirizado por Lee Isaac Chung (Munyurangabo), Minari (2020), outra produção da A24, já estreou com barulho no Sundance Film Festival onde recebeu os prêmios U.S. Dramatic Grand Jury Prize e U.S. Dramatic Audience Award, sendo recentemente indicado a 7 categorias no Oscar 2021: Melhor Filme, Melhor Roteiro Original, Melhor Diretor, Melhor Ator Principal (Steven Yeun), Melhor Atriz Coadjuvante (Youn Yuh-jung) e Melhor Trilha Sonora Original.

Desde o princípio Minari diz o que é: um filme sobre o sonho americano. Trata-se de uma produção estadunidense falada em sua maior parte em coreano, uma reapropriação tanto linguística quanto de terreno para explorar um país que carrega em si uma diversidade cultural e que aqui se apresenta através de uma propaganda tão universalmente disseminada: o american way of life (estilo de vida americano).


Minari conta a história de Jacob (Steven Yeun), Monica (Youn Yuh-jung) e seus dois filhos, David (Alan S. Kim) e Anne (Noel Cho) que se mudam da Califórnia para o Arkansas na tentativa de Jacob de realizar seu sonho de uma terra próspera, iniciando uma fazenda mesmo sob os receios de Monica e seu estranhamento diante da nova casa. A trama é semiautobiográfica de Chung e aborda uma questão que é também metafórica do cultivo do solo estrangeiro, o estabelecimento de raízes em um país que não é o natal dos pais, mas sim dos filhos que inclusive são os que mais falam inglês.

O longa discute a adaptação à cultura estadunidense através da inserção do cristianismo na família que vai surgindo sutilmente com detalhes no cenário – uma cruz, um quadro de Jesus –, o consumo de refrigerante – que Anne diz que é “água das montanhas” quando explica o Mountain Dew para a avó. E ainda, inserido nesse contexto, os papéis de esposa-filha e marido-filho e o que é ser uma avó, como David fala, “avós fazem cookies, não falam palavrão e não usam cueca”, mas a sua própria não segue esse estereótipo.


Minari tem em si o filme americano, tem sua estrutura narrativa, mas ao mesmo tempo, subverte esse terreno em algo que não é apenas dos EUA, mostra em quadros amplos, abertos, povoados por muito verde os integrantes da família descobrindo aquela terra, habituando-se a ele e dela cuidando. Chung deu vida a um longa-metragem que desmistifica o conservadorismo da “América dos americanos” e coloca em cheque o nacionalismo do que é, de fato, ser americano, mostrando que culturas edificam umas as outras, havendo intercâmbio cultural com exemplos como a religião vinda do ocidente e as sementes de Minari que a avó traz da Coreia do Sul.

A própria presença do filme no Oscar que vem forte é um sinal de que a área mais “formal” do cinema está trabalhando para reconhecer a importância da representatividade e dissolução de romantismos nacionais sustentados por tanto tempo.


Escrito por Giovana Pedrilho

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