Após vivenciar uma tragédia pessoal, Dani (Florence Pugh) vai com o namorado Christian (Jack Reynor) e um grupo de amigos até a Suécia para participar de um festival local de verão. Mas, ao invés das férias tranquilas, o grupo vai se deparar com rituais bizarros de uma adoração pagã.
Com seu segundo longa-metragem, o diretor Ari Aster (do já cultuado Hereditário, de 2018) começa a sedimentar seu nome como um dos maiores nomes do horror moderno trabalhando hoje. Midsommar continua a exploração de temas como luto, relacionamentos e família que estavam em Hereditário, mas, quando o primeiro filme era cheio de escuridão, Midsommar está banhado em luz.
O primeiro aspecto que chama a atenção em Midsommar é a qualidade dos diálogos. Não só os atores parecem com pessoas reais conversando, mas os conflitos entre eles são claros, explicados de forma orgânica e as ações que eles tomam nunca parecem forçadas.
O design de produção também é de encher os olhos. Todo o trabalho de câmera é feito de forma a valorizar os cenários abundantes, os planos com multidões que dançam, gritam, correm, são criativos e muito bem compostos. O trabalho de figurino e maquiagem também merece elogios: ao invés de vestir os moradores de Harga em algum uniforme, não se vêem duas pessoas vestidas iguais, cada personagem, por mais secundário que seja, é único e exuberante.
O terror de Midsommar é extremamente eficiente. A duração de 2:27 é muito bem justificada: temos bastante tempo de conhecer o vilarejo, alguns costumes, algumas implantações de roteiro (às vezes pouco sutis), seus moradores e as relações entre os personagens principais afloram uma vez que chegam em Harga.
Uma vez que os personagens chegam na vila e o festival começa, as coisas começam a andar um pouco mais rápido, e o fluxo de informação parece não cessar até quase a última cena do filme.
Uma crítica é que a violência visual parece um pouco gratúita. Há algumas cenas violentas e efeitos visuais grotescos que parecem ser repetidos durante o filme. Algumas dessas cenas parecem não servir muito propósito além de chocar o espectador ao invés de desenvolver a trama.
Outra crítica envolve o final, então... SPOILERS LEVES À FRENTE, SÓ NO PRÓXIMO PARÁGRAFO.
Se você não gostou do final de Hereditário, talvez também não seja o maior fã desse final também. Nas últimas cenas há um crescimento de tensão quase perfeito, mas o filme quase estaciona para que um dos anfitriões comece a vomitar diálogo expositivo por uns bons 3 ou 4 minutos. Isso faz a tensão criada até ali murchar, mas nada que atrapalhe demais as cenas que seguem.
FIM DOS SPOILERS.
Midsommar é a continuação do trabalho de um jovem diretor que está provando que o gênero do Horror ainda está vivo e ainda pode trazer obras de extrema qualidade. Ari Aster merece seu lugar ao lado de Jordan Peele, Robert Eggers e David Robert Mitchell como alguns dos nomes a se acompanhar.
O filme é uma viagem intensa, visualmente incrível e muito bem construída que vai ficar na sua mente por algum tempo depois de sair do cinema. Vale muito a pena assistir no cinema.
Escrito por Fernando Cazelli
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