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Crítica: Lolita - Adrian Lyne (1997)

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    Equipe
  • 16 de nov. de 2018
  • 4 min de leitura

" Em 1947, um professor de meia-idade (Jeremy Irons) de origem inglesa vai lecionar literatura francesa em uma pequena cidade da Nova Inglaterra e aluga um quarto na casa de uma viúva (Melanie Griffith), mas só realmente decide ficar quando vê a filha (Dominique Swain) dela, uma adolescente de 14 anos por quem fica totalmente atraído. Apesar de não suportar a mãe da jovem se casa com ela, apenas para ficar mais próximo do objeto de sua paixão, pois a atração que ele sente pela enteada é algo devastador. A jovem, por sua vez, mostra ser bastante madura para a sua idade. Enquanto ela está em um acampamento de férias, sua mãe morre atropelada. Sem empecilhos, seu padrasto viaja com sua enteada e diz a todos que é sua filha, mas na privacidade ela se comporta como amante. Porém, ela tem outros planos, que irão gerar trágicos fatos. " (Fonte)


Antes de começar a minha crítica, saibam que sim, eu sei que a intenção desse filme é mostrar o ponto de vista deturpado na mente de um pedófilo (sim, o personagem do Jeremy é um pedófilo) além de todo o senso de fábula criado a partir do ponto de vista dele ser romantizado. Meu problema com esse filme não é ele ser considerado controverso e ''ousado'' e sim por ter sido muito, mas muito, mal executado, já que temos uma vasta lista de filmes provocativos, controversos que não têm essa característica de serem mal executados, como "O Porteiro da Noite", por exemplo.

O filme se inicia logo no meio de uma situação que sabemos que será futura no enredo (um flashfoward), também utilizado na primeira versão do longa, de 1962. Nesse é diferente pois temos a inserção de uma subtrama do passado de nosso protagonista totalmente desnecessária, boba, e novamente, desnecessariamente expositiva em sua montagem com uma narração em off. Uma narração porca, que só subestima a inteligência do público, que por algum motivo imbecil da cabeça do roteirista e diretor, não deduziria que esse trauma passado pelo protagonista na infância não iria se refletir no comportamento que veríamos a seguir na trama.


O primeiro plano em que é apresentada a nossa co-protagonista é totalmente exacerbada e sexualizante ao extremo em relação a primeira versão de 62. A interação dos personagens não é nada fluída e ''comprável''. O senso de fábula e romantismo que o diretor implica a partir daí é muito plástico e artificial. Os diálogos são terríveis, e a fotografia, que consiste em se manter num senso de fábula e romantismo até o fim, só nos brinda com sequências horrendas e risíveis, em ideias e tom narrativos. Tudo parece ser parte de uma comédia que não aceita seu absurdismo. Esse filme seria ao menos mediano se eu conseguisse o enxergar como um filme de humor negro. Mas é impossível.

Depois da despedida de Dolores, a frustração do protagonista e o reencontro de ambos, temos o seguimento do segundo ato, onde nosso protagonista esconde o fato da morte da mãe de Dolores (mas esse segredo que ele esconde de forma nenhuma tem peso na narrativa, é um fato que deveria ter tamanha importância e crescimento quando viesse à tona, não acontece em momento algum, diferente de como foi implantado na versão de 62); depois de tudo isso temos uma cena que quero destacar aqui que é uma das piores que eu já vi em minha vida. Tanto na quebra de ritmo que ela tenta fazer (que é falha), quanto na forma em como foi feita. Nos é apresentado de forma nebulosa um personagem, o que nos mostraria ser 'rival' do personagem de Jeremy, o qual Dolores aparentemente se apaixona (?).


O diálogo que o protagonista trava com ele ao conhecê-lo, é realmente uma das piores coisas que já vi num filme. Os planos e a cena tenta criar um aspecto Noir misturado com horror (?), com segmentos como uma mariposa morrendo eletrocutada e um trovão acima do hotel, mas que é bizarramente horrível. A cena é idiota e não funciona de jeito algum.

Como se já não fosse coisas pra me deixar ''emputecido'' com esse filme, a construção contínua da relação do protagonista com Dolores melhora e parece mais fluída em seu texto nesse segundo ato, mas mata a boa moral de quem assiste(e tenha assistido o filme de 62) quando nos apresenta uma cena de sexo oral da menina com o senhor....

Logo após vemos as tentativas do protagonista de esconder a morte da mãe de Dolores se tornando falhas, fazendo o mesmo confessar o fato para ela. A cena toda dessa descoberta é muito bem executada aqui, com trackings shots lentos dos personagens tendo sentimentos minimalistas. Mas, como não era de se esperar, o filme estraga toda esperança de que aquele filme poderia melhorar(mesmo estando na metade já). Temos um súbito corte para uma cena onde ambos estão bem, alegres e brincalhões numa outra viagem de carro. Uma ruptura dramática terrível e nenhum pouco coesa, narrativamente falando.


As cenas de dramatização do segundo pro terceiro ato (todas) são risíveis e toscas, se tornando um pornochanchada horrendo. Até os atores parecem ter entrado num piloto automático que nos dá até dó, uma dó dolorosa pra caralho. E a dramatização exagerada e sem coerência só aumenta. Detalhes da nova 'fuga' de Dolores, e o como isso está abalando nosso protagonista é horrenda e mal-feita. É realmente muito pornochanchada o final do segundo e o terceiro ato. E o final, que não vou dar spoiler, tenta se manter na essência de clímax e texto, em relação ao filme anterior(coisa que funcionava). Aqui, nem um desfecho bom temos.

No fim, temos a pior comédia num filme que nem se aceita como comédia, revestido de pornochanchada, com atuações medianíssimas, um roteiro chulo, e uma direção preguiçosa.


"Lolita" é um filme dirigido por Adrian Lyne e lançado em 1997.


Escrito por Gabriel Lopez

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