Foi dada a largada no 52⁰ Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e o Querido Cinéfilo está cobrindo a festa que movimenta por completo a capital federal.
No dia 23 a mostra competitiva exibiu os curtas "Alfazema" de Sabrina Fidalgo, "Carne" de Camila Kater e o loga exibido na mostra competitiva foi "Piedade" do, já veterano no festival, Cláudio Assis.
Confira agora o que achamos de cada um dos filmes!
Alfazema - Sabrina Fidalgo (2019)
O filme Alfazema de Sabrina Fidalgo foi exibido no festival com aplausos e risos em diversos momentos. É inegável o tom de humor do curta, ele começa de uma forma a querer representar o carnaval brasileiro de uma forma ébria e aos poucos essa história vai se tornando uma conversa entre todas as entidades possíveis.
Temos aqui o diabo um anjo Deus e outras entidades que aparecem que fazem parte do folclore carnavalesco desse universo. Em dado momento há uma quebra na linguagem do curta onde e uma subversão de qualquer expectativa em relação à trama. Ela começa a se auto-referenciar de uma forma metalinguística, o que gera ainda mais humor para o curta que começou se propondo a tratar de um tema muito sério como a mulher empoderamento feminino e como um homem pode ser tão desagradável.
É inegável que esse curta tira gargalhadas do público e eu não acredito que a falta de coesão entre as suas proposições e o que o filme aparentemente quer fazer é algo que acaba dando uma nota negativa para ele. Ele trata muito mais da experiência de estar vendo aquele curta sendo feito do que algo que seja coisa dentro de si e da sua trama.
Vale muito a pena conferir.
Carne - Camila Kater (2019)
Carne se propõe a falar de muitos temas ao mesmo tempo e o formato de depoimento acaba dando tudo que o documentário precisa para poder existir.
Não satisfeitos, ele ainda conta com animação estonteante para cada capítulo. Cada capítulo fala de uma fase da vida da mulher e de certa forma isso traz uma certa personalidade e sensibilidade para cada tipo de animação que é proposta para o curta.
Cada história é plenamente relacionável com qualquer fase da vida de uma mulher e eu tenho certeza que mulheres já com mais idades vão acabar se identificando com literalmente todas as histórias que são contadas para o espectador.
E se cuida roubou a cena no dia em que ele foi exibido eu acredito que o ponto alto da noite eu realmente acredito que esse curta precisa ser visto por muitas pessoas não só pela sua importância de pela sua beleza.
Piedade - Cláudio Assis (2019)
Cláudio Assis já é veterano no festival, seu longa mais conhecido "Amarelo Manga" tem uma reputação que o segue para todo lugar onde ele vai. Piedade começa querendo falar sobre a especulação Imobiliária e como o capitalismo pode acabar destruindo uma comunidade nordestina. A partir daí nós somos apresentados ao personagem do Matheus Nachtergaele que na verdade é o representante desse capitalismo selvagem, a interpretação dele é sensacional você realmente consegue ter nojo daquela pessoa e você consegue, mesmo não tendo explicitamente a visão de como ele age durante o sexo na tela, é possível ter a certeza de como é que essa dinâmica funciona de verdade.
Eu acho que eu gostaria de destacar Irandhir Santos que fez um trabalho Impecável como Omar, nesse filme. Eu acho que cada vez mais ele vem se tornando um ator muito importante para o cenário do cinema brasileiro atual. Fernanda Montenegro e Cauã Reymond também consegue segurar a barra desse elenco que simplesmente parece ser perfeito para trama que quer ser contada.
Agora vamos ao problema desse filme Eu acredito que ele queria ser muitas coisas. Eu acho que na verdade ele não sabe exatamente que tipo de história ele quer contar. Se ele quer contar uma história sobre a cidade, se ele quer contar uma história sobre especulação imobiliária, sobre o capitalismo, sobre a resistência, sobre a família, sobre o Nordeste. Eu constatei que ele acaba se perdendo muito dentre as várias coisas que ele quer abordar ao mesmo tempo.
Se nós tirarmos todas as outras temáticas da frente e focarmos nas relações interpessoais da família eu acho que o Cláudio consegue se sobressair muito mais no que ele quer dizer. Eu acho que as coisas ficam um pouco mais sólidas em relação ao filme e eu acho que ele consegue realizar muito bem a trama da família e das relações que se construíram ao longo dos anos dentro daquele espaço e dentro daquele sistema. O formato da sua linguagem e seu estilo são completamente incontestáveis, eu acho que não cabe aqui nenhum comentário em relação a isso porque a estética dele é bem consagrada e completamente impecável e coerente com tudo que ele vem fazendo nos últimos anos desde "Amarelo Manga".
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