SEM SPOILERS
Após os eventos devastadores de Vingadores: Guerra Infinita, o Universo entrou em destruição por causa do Estalar de Dedos do Thanos, o Titã Louco. Com a ajuda dos heróis sobreviventes, os Vingadores devem se reunir mais uma vez para desfazer as ações de Thanos e restaurar a ordem do universo de uma vez por todas, não importa quais serão as consequências que os aguardam. (Fonte)
Desde uns 10 anos para cá, a cultura nerd (ou de “filmes de superherói”) têm tomado conta da cultura pop, com bilheterias bilionárias e mais espaço na mídia especializada do que parecia possível.
E muito disso pode ser atribuído ao trabalho que a Marvel fez ao fundar seu estúdio: desde o começo, os filmes eram interconectados, focados em seus personagens, com efeitos especiais exuberantes. Não que o caminho até aqui tenha sido sem seus tropeços, mas pode-se dizer hoje que a “fórmula Marvel” foi um sucesso (para a Marvel, é claro).
A forma de contar as histórias começou a assemelhar-se muito com a forma em que se fazia nos quadrinhos: as grandes histórias conectavam-se com outros personagens, com acontecimentos de outras histórias, ou desenrolando-se paralelamente.
Eu sempre quis que o grande público pudesse apreciar a grandiosidade desses tipos de história. Era difícil falar de outra coisa que não fosse a Guerra Civil de Mark Millar, ou os clássicos, como a Crise das Terras Infinitas, ou Guerra Secreta. Parecia que esses épicos eram limitados a um público que estivesse disposto a seguir 4, 5 séries de quadrinhos diferentes para conseguir entender o que acontecia. 12 anos atrás isso parecia impossível para mim.
E como eu estava errado. A Marvel apostou nessa forma incomum de fazer uma franquia, começando com o Homem de Ferro, com a aparição do Nick Fury nas cenas pós-créditos. Na época, era arriscado demais, mas, como é claro, hoje, foi um sucesso esmagador.
Hoje, ficou provado que a forma de se produzir cinema em franquias pode trazer muitas coisas que são impossíveis de se fazer fora desse sistema. A riqueza de personagens e de história que cada um dos filmes da Marvel carrega hoje é comparável com a mitologia dos quadrinhos.
Tudo isso é impossível fora do cinema de blockbuster de franquia: e o resultado, quando bem feito, é maravilhoso.
Enfim, toda essa enrolação tem um propósito, eu juro.
Avengers: Endgame é a culminação de todo o trabalho de um estúdio que vem há mais de 10 anos planejando e executando um plano longo e cheio de detalhes (é claro, muitas correções tiveram que ser feitas no andar da carruagem, mas isso demonstra a vontade de mudar o que não funciona).
O filme não deixa as expectativas do público atrapalharem seu desenvolvimento: o roteiro chega a ser bem previsível em alguns pontos, mas mesmo esses momentos nunca chegam a decepcionar. Mesmo com a primeira hora do filme tendo um ritmo bem lento, há propósito nas cenas e nunca há uma sensação de tempo perdido.
Os grandes momentos de Endgame (e acredite em mim, são VÁRIOS) dependem daquela conexão única que o público tenha com um ou outro personagem. Muitos dos arcos iniciados 12 anos atrás têm seu clímax em Endgame, e o momento da culminação de tudo isso traz uma sensação única para quem investiu tanto tempo com algum personagem.
A comédia e o diálogo são o que se espera, há muitos momento engraçados (mais do que eu esperava – mas não de um jeito ruim) e os diálogos são bem construidos e fluídos.
Uma crítica que eu sempre faço aos filmes da Marvel é a obrigação de se ter uma grande briga no final, e isso nem sempre serve à história direito. No entanto, em Endgame, esse momento é merecido, e traz alguns dos momentos mais fantásticos.
O filme é feito para você que gosta do Homem-Aranha, do Pantera Negra, do Homem de Ferro, do Thor, do Capitão América, da Capitã Marvel, da Viúva Negra. O filme é feito para você que conversa sobre esses filmes com seus amigos, que gosta de comparar “Quem levaria a melhor em uma luta”, etc. O filme é sim para muita, muita gente. As pessoas gostam de boas histórias, gostam de se relacionar com pessoas que também gostem dessas histórias.
A conexão única entre uma pessoa e seus personagens favoritos é uma coisa rara e extremamente preciosa. Essas conexões fazem de nós pessoas mais conscientes de nós mesmos, do mundo à nossa volta, das pessoas com quem nos relacionamos.
Essa conexão é especial, e é exatamente esse vínculo especial que faz com que a experiência de assistir Avengers: Endgame funcione para você ou não.
A maior qualidade de Avengers Endgame é o cumprimento de uma promessa que foi feita há mais de 10 anos: é a entrega de alguns dos momentos mais épicos do cinema, mostrados na tela de uma forma cheia de espetáculo e, certamente, inesquecível.
Essa entrega é algo único e nunca antes feita no cinema moderno. Não se pode tentar projetar um filme dessa escala sem que existam mais 10 anos e 22 filmes para servir de pano de fundo para o que está acontecendo.
Mesmo com um início lento e roteiro às vezes previsível, Avengers: Endgame é um filme que entrega bem mais do que promete.
Escrito por Fernando Cazeli
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