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Crítica: A Bela da Tarde – Luis Buñuel (1967)

  • Foto do escritor: Equipe
    Equipe
  • 30 de out. de 2018
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de fev. de 2019

“A história de Séverine (Catherine Deneuve), jovem rica e infeliz que procura um discreto bordel para realizar suas fantasias sexuais e conseguir o prazer que seu marido não consegue lhe dar.” (Fonte)


De todos os filmes que eu assisti do Luiz Buñuel, esse é meu favorito. Não sei ao certo o porquê; mas talvez seja principalmente por como o diretor trata de um assunto, que hoje em dia ainda é tabu, com um ar onírico. Transitando entre o lado cru, da maneira como a protagonista via sua vida, até a maneira como ela se sentia ao não conseguir(ou conseguir) satisfazer o mínimo de seus prazeres


O filme consegue manter a sensualidade que a personagem sempre quis expressar por toda atmosfera do filme. Desde os pequenos trejeitos da protagonista Séverine ao andar, segurar um cigarro, se virar para olhar algo, ou como segura um copo de água. É muito claro o cansaço em seu olhar. Um cansaço da vida a ela qual levou e uma exaustão de viver com medo do que as pessoas (especialmente seu marido) possam interpretá-la por apenas estar satisfazendo seus desejos.


Neste filme, Buñuel (conhecido por ser um surrealista), se propõe a não fazer um obra surrealista que simplesmente se desprende da realidade, ele também foi, de certa forma, anárquico ao querer se desprender de um paradigma forte e complexo em cima da cultura feminina, e de uma maneira delicada. Especialmente quando reforço o fato do filme ter sido lançando em 1967. e ser sobre uma mulher da alta burguesia.


Pra mim, acaba sendo algo inegável a comparação de algumas cenas e temáticas abordadas aqui com as apresentadas em Ninfomaníaca (de 2013, de Lars Von Trier). Mas, diferente da execução 100% crua e pessimista de Von Trier, Buñuel optou a construir tudo a partir do olhar de Séverine, sem medo até de ter um desfecho interpretativo. E que em minha opinião, é um desfecho sensacional e que conversa totalmente com a construção da personagem.

Há algumas cenas interpretativas além dessa dos minutos finais que citei acima; a maioria acaba sendo inesperada e abrupta. Mas não são nada além de alegorias visuais de uma opressão ao olhar de um oprimido que ainda sonha.


Os diálogos são precisos e muito bem fluídos em cada cena, carregando sempre uma extrema confiança na leitura que os espectadores possam ter daquele micro-universo que Séverine vive e do background do casamento da mesma.


Um espetáculo de filme pra quem sabe absorver a beleza também entre as minúcias, e a todos que se dizem fãs de obras sobre erotismo.


A Bela da Tarde é um filme francês de Luis Buñuel lançado em 1967.


 

Escrita por: Gabriel Lopez

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