Crítica: Caminhos Perigosos - Martin Scorsese (1973)
- Equipe
- 16 de dez. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de dez. de 2018
Harvey Keitel é Charlie, um homem que trabalha para crescer no submundo dos guetos de Little Italy, em Nova York. Ao seu lado, porém, está Johnny Boy (De Niro, em sua primeira parceria com Scorsese), um jovem revoltado, agressivo e sem escrúpulos, que vive se metendo em confusões por causa de dívidas de jogo. Caminhos Perigosos retrata o cotidiano desses dois indivíduos, em meio à realidade violenta do subúrbio das grandes cidades. O filme é um retrato visceral do ambiente em que crescera o diretor Martin Scorsese, cuja infância vivera no mesmo bairro nova-yorkino em que se passa a obra. (Fonte)

O filme conta o cotidiano de dois amigos no submundo dos guetos italianos de Nova York. Charlie trabalha com o tio mafioso, realizando cobranças, mas tem esperanças de recomeçar a vida ao lado do amor de sua vida, Teresa. Já o seu melhor amigo, Johnny Boy, é um rapaz revoltado que vive se metendo em encrencas por causa de dívidas de jogos.
Com tal proposta, imagina-se que Mean Streets seja sobre máfia ou vidas marginais, mas na verdade está mais para um Buddy Film, principalmente pela espontaneidade da atuação dos protagonistas, convincente a ponto de pensar-se que eles são melhores amigos na vida real, o que leva ao ponto mais forte do filme, a naturalidade sedutora e quase genuína na maior parte das atuações.

Porém isso não foi suficiente para segurar a bronca no filme. Com exceção do monólogo do início do filme (Você não paga seus pecados na igreja. Você os paga nas ruas. Em casa. O resto é besteira, e você sabe), a cena onde aparece Teresa pela primeira vez e o final, a fotografia do filme é em sua maior parte próxima ao amadorismo e feia até para os padrões da época, com trepidações de câmera desnecessárias que podem espantar o espectador.
Diferente da sinopse, o filme parece não traçar muito bem sua história, sendo maioritariamente disforme e inconsistente, fazendo com que os bons momentos sejam apenas lapsos de grandeza ilusivos até voltar à inconsistência e finalmente entregar um final ótimo. Não que o filme não seja difícil entender-se. Apesar de confuso, a proposta da trama é bastante simples e distante dos mind blowings característicos de Scorsese que seriam utilizados nos seguintes filmes.

Os diálogos são bons, não são suficientes para desenvolver os protagonistas da maneira esperada, mas volta-se a realçar a verdade transmitida pelos atores, que fazem parecer que uma câmera foi colocada a um bar local para filmar a reação dos clientes, porém a peteca cai em momentos com piadas extremamente inconvenientes como as que envolvem racismo e drogas.
O roteiro de Mean Streets é como uma estrada de terra repleta de buracos intercalando entre retas e curvas sinuosas até chegar à pista asfaltada. Quem se interessa em conhecer a obra de Martin Scorsese, fica por conta e risco do espectador começar por este longa, que é um caminho perigoso, pois o diretor estava tentando se encontrar no mundo do cinema em meio a vários tropeços e por isso, apesar de não ser ruim, nem de longe este é seu melhor filme.
Escrito por André Germano
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