Ladrão (Horacio Salinas), figura similar a Jesus, perambula por estranhos cenários repletos de símbolos religiosos e pagãos. Um guia espiritual (Alejandro Jodorowsky) o apresenta a sete pessoas, cada uma representante de um planeta do sistema solar. O grupo segue para a Montanha Sagrada. A ideia é ocupar o lugar dos deuses imortais que lá vivem e dominam o mundo. (Fonte)
The Holy Mountain é um filme psicodélico, que busca fazer questionamentos profundos sobre o capitalismo, individualismo, religião, militarismo, e a exploração perversa do terceiro mundo e seus resultados. O filme foi dirigido e escrito pelo chileno Alejandro Jodorowski (El Topo, La Danza de la Realidad), baseado em um texto cristão do século 16, “Subida del Monte Carmel”.
Através de imagens que buscam desafiar o espectador, Jodorowski tece uma teia complexa de referências visuais que, uma vez exibida, pode colocar quem assiste em transe enquanto os significados dessas imagens aguardam pacientemente para serem compreendidos. Nada que aparece na tela existe só para entreter. Tudo tem algum significado, obscuro ou não.
A sequência inicial diz muito sobre o filme. Acompanhamos duas mulheres vestidas de Marilyn Monroe serem despidas por uma figura vestida de preto, que em seguida, corta o cabelo das duas em uma maneira ritualística. Esse é só um exemplo das cenas que seguirão nesse filme. Todas elas convidam o espectador a buscar seu significado, a compreender o sentido de cada imagem, cada personagem que é introduzido, e cada ação bizarra que acontece.
A primeira metade do filme acompanha o Ladrão (claramente Jesus nos tempos modernos), que ressucita nos tempos modernos, e caminha por uma cidade, onde é exposto a várias modernidades: a religião e os religiosos, o capitalismo, a conquista de outros países, o militarismo e guerras.
Durante sua peregrinação, ele conheçe o Alquimista, que serve de líder espiritual para o Ladrão, e lhe dá uma missão: junto com outros sete indivíduos extraordinariamente ricos devem conquistar a Montanha Sagrada e descobrir os segredos da imortalidade. Então, somos apresentados aos sete indivíduos em vinhetas curtas, cada um originário de um dos planetas do Sistema Solar, representante de um aspecto horrendo da humanidade (por exemplo, um deles transforma textos sagrados em armas).
The Holy Mountain é uma viagem cinematográfica em todos os sentidos da palavra. Com sua mensagem espiritual, e suas imagens bizarras que convidam o espectador à uma análise profunda, é um filme que mostra qual é o seu propósito logo de cara, não dando um segundo sequer de descanso para quem quer decifrar sua mensagem críptica e extremamente satisfatória.
Um longa recomendadíssimo para quem quer buscar algum significado profundo em um filme, ou para quem ama um estilo visual mais detalhado e colorido.
Escrito por: Fernando Cazelli
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