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Resenha: Roma - Alfonso Cuarón (2018)

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    Equipe
  • 18 de dez. de 2018
  • 2 min de leitura

Cidade do México, 1970. A rotina de uma família de classe média é controlada de maneira silenciosa por uma mulher, que trabalha como babá e empregada doméstica. Durante um ano, diversos acontecimentos inesperados começam a afetar a vida de todos os moradores da casa, dando origem a uma série de mudanças, coletivas e pessoais. (Fonte)

Roma é o mais novo filme do diretor Alfonso Cuarón. Apesar de cotado para passar em algumas sessões de cinema, Foi lançado na última sexta-feira, dia 14, direto na plataforma de streaming, Netflix, onde foi produzido.


Em Roma, é acompanhada a trajetória da nativa Cléo (interpretada por Yalitza Aparicio), que é empregada domestica e trabalha para uma família de classe média. O contexto histórico é o México no começo dos anos 1970, cujo contexto histórico é a Guerra Suja, período violento, de confronto armado entre militantes da esquerda e a polícia militar da época e que, apesar de não ser o foco principal, não passa batido pelo filme e serve para situar a época a qual se encontrava o país.

O filme engana o espectador desde o começo. Com uma trama aparentemente simples que vai ganhando forma a medida que o filme avança, é comum pensar que Roma é o “Que Horas Ela Volta?” versão mexicana. Sim, o longa do diretor de “Gravidade” tem tanta ternura e beleza quanto a obra brasileira, mas é ainda mais ambicioso e recheado de temas como abandono, traição, relações familiares, resiliência e pobreza, além das várias metáforas onde o diretor constrói cenas lindíssimas a partir de elementos como o fogo, água, dejetos de animais e até a maneira como os donos da casa estacionam o carro.


Falando em cenas, a fotografia do filme cai como uma luva. O preto e branco dá um ar nostálgico do tipo “naquele tempo" ou “você se lembra?”. O longa é muito bonito e com precisão cirúrgica, sendo tenso e suave sempre nos momentos certos, o que leva a outro destaque no filme, a habilidade de Cuarón em criar montanhas russas emocionais, isto é, conflitos que parecem sufocantes mas sempre com uma luz no fim do túnel e por isso prendendo a atenção do público, deixando-o curioso para saber o que acontecerá em seguida.

Como se fosse pouco, os personagens, principalmente a babá Cleo, são absolutamente admiráveis. Mesmo lutando por coisas que aos olhos comuns são simples, cada pequena batalha faz com o espectador torça pela personagem e fique ao seu lado, entristecendo ou comemorando junto com ela de uma maneira quase fidedigna, como se quem assistisse conhecesse realmente a mulher.


O filme tinha tudo para ser somente mais uma obra pedante e cansativa, mas seus acertos no roteiro e na direção fizeram Roma merecidamente ser um dos filmes mais bem avaliados do ano e ganhador de inúmeros prêmios como Leão de Ouro. Mais do que uma mera homenagem às raízes do próprio Cuarón, no título do filme que é o nome do bairro onde o mesmo cresceu e nos momentos onde personagens mixtecas falam a própria língua, Roma é sutilmente ambicioso, técnico, sedutor, pessoal e muito emocionante, tudo entregue sem que o público precise sair do conforto de casa para assistir.


Escrito por André Germano

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