Minha resenha falha de Cinema Paradiso.
Era um dia calmo de novembro, lá estava eu, jovem aspirante a escritor buscando fazer uma breve e honesta resenha de um dos meus filmes favoritos: Cinema Paradiso.
Falar sobre um filme que aborda abertamente um tema tão profundo faz com que a gente acabe buscando algo de verdadeiro em nós para colocar no texto. Ninguém que escreve sobre alguma arte o faz em um vácuo: todos nós queremos nos expressar através dos filmes que escolhemos discutir e trazer aqui no site e, assim, cada resenha tem um pedacinho de nós, um trechinho da nossa vida que está exposto aqui na internet, para sempre.
Assim, eu vi que seria um esforço fútil falar só sobre Cinema Paradiso para expressar o meu amor intenso pelo cinema, por essa arte que pode ser muitas coisas, muitas vezes estranha e inacessível, ou rasa e cheia de fanfarra e floreios, mas que sempre busca uma reação emocional em quem assiste.
O cinema não é uma forma de arte simples de se analisar criticamente. São centenas de técnicas mirabolantes que se misturam entre áudio e som, temos diretores com egos maiores que seus filmes, histórias de bastidores, produções atrapalhadas, roteiros que são escritos e reescritos, etc.
Mas, no final de tudo, o cinema busca sempre emocionar.
Não importa se você escolhe investir duas horas da sua vida em um filme estranho da vanguarda francesa ou se você quer assistir “Me Arraste Para o Inferno” pela oitava vez, o propósito do cinema, acima de tudo, é causar uma reação emocional em quem assiste.
Isso me fez pensar em quais são os filmes que mais me emocionaram na minha “carreira” de cinéfilo. Quais são os filmes mais marcantes, mais duradouros, mais persistentes na minha vida a ponto de eu estar aqui hoje, escrevendo sobre cinema.
Tenho aqui três filmes que resumem muito bem o que é, para mim, a experiência de se emocionar no cinema: À Espera de Um Milagre, Tempos Modernos, A Forma da Água.
Todos esses filmes são, para mim, a essência do que é gostar de cinema. São a prova pura e inadulterada da força dessa forma de expressão que é o cinema. Cada um desses filmes é uma parte de mim, é uma parte da minha vida, da minha formação.
Com À Espera de um Milagre, aprendi que o ódio é inútil; com Tempos Modernos, aprendi a ter esperança nos momentos mais difíceis; com A Forma da Água, aprendi o valor da minha humanidade.
O cinema nos proporciona momentos únicos, em que podemos viver na pele de personagens, ou em situações extraordinárias em que nunca nos veríamos em um milhão de anos. Através do cinema podemos olhar para o futuro como em Blade Runner, podemos olhar para o passado como em O Pianista, podemos olhar dentro da mente de artistas únicos, como em qualquer Sinédoque Nova York.
E a melhor parte de tudo isso é que cada pessoa pode se emocionar de uma forma diferente com cada filme. Cada pessoa vê a arte de uma forma individual e única. Nós podemos discutir fotografia e design de áudio por dias, mas, se um filme não te emociona de alguma forma (seja te assustando, te fazendo chorar, te fazendo pensar na ex, te deprimindo sobre o fim inevitável da humanidade, etc.), não há técnica que vai fazer isso pra você.
Enfim, quero concluir esse pequeno texto com uma pergunta: Qual foi a última vez que um filme te emocionou?
Obrigado e tenham um bom dia.
Escrito por: Fernando Cazelli
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