A intersecção de “Infiltrado na Klan” e “Corra!”
- Equipe
- 16 de abr. de 2019
- 2 min de leitura
Corra!:
Chris é jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana Rose. A princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela é uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro, mas com o tempo, Chris percebe que a família esconde algo muito mais perturbador. (Fonte)

Infiltrado na Klan:
Em 1978, Ron Stallworth, um policial negro do Colorado, conseguiu se infiltrar na Ku Klux Klan local. Ele se comunicava com os outros membros do grupo através de telefonemas e cartas, quando precisava estar fisicamente presente enviava um outro policial branco no seu lugar. Depois de meses de investigação, Ron se tornou o líder da seita, sendo responsável por sabotar uma série de linchamentos e outros crimes de ódio orquestrados pelos racistas. (Fonte)

Dirigido por Spike Lee, Infiltrados na Klan aborda a trajetória de Ron Stallworth, primeiro detetive negro de Colorado Springs e sua entrada na Ku Klux Klan com a ajuda para disfarce de um colega de trabalho judeu, Flip Zimmerman, enquanto Get Out, de Jordan Peele, acompanha Chris Washington ao conhecer os pais de sua namorada, Rose Armitage.
Ambos os filmes se valem de elementos surreais para intensificação, porém em áreas diferentes. Spike Lee inclina-se sobre a montagem, criando sequências que amplificam experiências sensoriais, como durante o discurso de Kwame Ture em que os ouvintes surgem em um fundo preto, absorvendo suas palavras ao mesmo tempo em que suas expressões mostram a compreensão e empatia pelo discursado de uma maneira única ao os colocar em um espaço imaginário à parte da sala de palestra. Outro momento similar é a cena final de Patrice e Ron, quando eles parecem ser levados pelo corredor sem andar, a impressão é de que o espaço ao redor deles se move, criando uma relação de constante proximidade com o inimigo em um ambiente claustrofóbico.

Get Out explora uma temática “à lá Black Mirror” a fim de criar um suspense psicológico de teor surreal que, porém, remete a sensações reais de temor diário da população negra como com a fala corrosiva de Dean logo que o casal é recebido e conta sobre o acidente de carro. Além disso, quanto à montagem, é estabelecida a metáfora entre Chris e o cervo seguida ao longo da metragem com o leão de pelúcia – caçador -, o cervo empalhado e a caçada final de Rose.

Por fim, ambos optam por alívios cômicos, Jordan Peele com sua clara influência na carreira de comediante deposita esse aspecto no personagem de Rod de uma maneira mais acentuada enquanto Spike Lee pincela Infiltrados na Klan com momentos descontraídos, com risadas, de uma maneira cotidiana.
Escrito por Giovana Pedrilho
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